Clemência e as irmãs
Nas traseiras do meu prédio, numa parte escondida e amistosa, onde o senhor sol consegue espreitar por uma fresta da largura de um lápis, vive Clemência. Se o espectador olhar com atenção, poderá observar que no cantinho do quintal cresce uma laranjeira. Terá agora dez anos – digo eu. Clemência? Não, a laranjeira. Porque será que a árvore nunca deu laranjas? Não? Nunca. Mas esta laranjeira é especial, demasiado especial para Clemência. Porquê? Ao romper o dia, Clemência acorda as irmãs e desce, sem os pais saberem, para junto da laranjeira. Dão as mãos e pulam ao redor da árvore. As três irmãs: Clemência, Indulgência e Brandura aguardam o milagre. Os gritinhos e guinchinhos das meninas arrebitam as folhas, e nós espectadores atentos, vemos brotar na árvore, como se de frutos se tratasse, brinquinhos, anéis e gargantilhas. Elas sorriem excitadas e ornamentam orelhas, pescoços e dedinhos. Meu deus! Porque gritam elas agora? Tão alto!
Para moscovo... para moscovo...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home