fevereiro 15, 2006

O PARQUE DA CIDADE

Quando passo muito tempo a trabalhar no mesmo sítio, encafuado num certo escuro, ancorado numa cenografia insignificante, iluminado por uma luz que há-de ser sempre artificial, tenho um momento, em que paro, desligo de tudo e imagino o parque da cidade.

Independentemente da cidade em que esteja a trabalhar imagino o parque dessa cidade.

Já estou a ver os patos no lago, as gaivotas e pombas no ar, daqui até lá ao fundo uma erva fininha, mesmo fofa para sentar, de ladeiro uma fiada de arbustos maneirinhos, contemplação pura, aqui e ali uma escultura de pedra solta, a coisa mais linda de se ver.

Entreabro uma janela de imaginação e atolambado observo o céu.

Sinto o cheiro da terra fresca revolvida e os passarinhos cantam de uma maneira que dá para perceber que não têm fome...

No entanto aproximo-me de tal forma daquele casal de velhotes que está sentado há que tempos à beira do lago e ela diz:
- Vamos embora, não vês que estás a ficar constipado!
Ele responde:
- Só saio daqui com a gripe delas!

E não se move.

Bom, e no meio disto tudo não é que dou a deixa mal!
Bolas, saiu-me tudo ao lado!
Concentração, precisa-se!

10 Comments:

Blogger francisco carvalho said...

Atchiiiim!!
:D

9:48 da manhã  
Blogger Abelhinha said...

fungadela, fungadela...

Cuidado que a imaginação também se constipa!

7:31 da tarde  
Blogger lésbica só said...

:):)

10:10 da tarde  
Blogger polegar said...

LOLOL como te compreendo... ;)
uma desconcentraçãozita às vezes acontece... o problema é se depois não vem a santa capacidade de improviso em auxílio!

4:48 da tarde  
Blogger Sara Mota said...

hehe

:))*

10:02 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

fgés lindo

9:31 da manhã  
Blogger feniana said...

gostei de chegar aqui. atrasada e tudo.

3:53 da tarde  
Blogger Nuno Vieira said...

tanta mediocridade sem talento!!!!

1:02 da manhã  
Blogger DEVANEIOS DO CONTRA said...

vimos convidar o autor e os leitores deste blog a visitarem o nosso "espaço do contra"! Obrigado!

http://devaneiosdocontra.blogspot.com

1:02 da manhã  
Blogger Arrebenta said...

A Rainha da Sucata


Andam por aí umas vozes em sobressalto com o que se escreve na Net, e, à cabeça, com a crescente influência das temáticas, abordadas nos “blogues”, sobre a Opinião Pública Nacional. Cumpre-me aqui dizer que sou novo nos “blogues”, e suficientemente antigo, na Opinião Pública. E como me estou, à cabeça, aparentemente – depois, verão que não... – zenitalmente borrifando para os “blogues”, vou, pois, começar pela Opinião Pública.

Ora, em qualquer país pretendido civilizado, a Opinião Pública não é mais do que um misto de emoção e raciocínio difuso, que leva a que as sociedades exerçam, em conjunto, as suas auto-análises, os seus direitos espontâneos de aprovação e desagrado, e uma necessária catarse colectiva, fruto dos sabores e dissabores do Rumo da História.
Os períodos de Opressão e de Distensão medem-se, pois, pelo vigor e maturidade que essa Opinião Pública manifestar.
Na sua coluna de despedida do “Diário Digital”, Clara Ferreira Alves, criatura que nunca frequentei, nem sequer sabia que escrevia, mas que, naquele panorama do Ridículo Nacional, apenas me fazia, de quando em vez, sorrir, entre as suas apalhaçadas oscilações entre o negro azeviche e o louro caniche, dizia eu, centra-se, num dado momento da sua despedida, sobre a perniciosa influência dos blogues na tradicional “Imprensa Impressa”: de acordo com ela, “A Blogosfera é um saco de gatos, que mistura o óptimo com o rasca, e (as vírgulas atrás são todas minhas) acabou por se tornar num magistério da opinião (d)os jornais”, os quais nunca foram sacos de gatos, sempre souberam recolher o óptimo, e nunca constituíram um prolongamento do magistério dos Interesses Ocultos Predominantes.

É óbvio que em todos os jornais, como em todos os "blogues", como em todos os programas de televisão de carácter rasca, -- terríveis eixos do mal --, “existe e vegeta um colunista ambicioso, ou desempregado, (as vírgulas continuam a ser minhas), ou um mero espírito ocioso e rancoroso”, que pode ser vário, como os nomes de Satã.
“Dantes, a pior desta gente praticava o onanismo literário e escrevia maus versos para a gaveta, [publicando] agora as ejaculações”, as quais deveriam continuar a ser privadas, porque o exercício da cobrição, que tantas vezes levou a que um mau texto aparecesse nas parangonas da Crítica, fruto de uma noite mais ou menos bem passada, ou de uma jantarada em lugar eminente, poderia, e deveria, pelos mais elementares deveres do Pudor, nunca ultrapassar a atmosférica fronteira do Secreto e do Invisível. Para mais, parece que, nos blogues, escancarada janela rasgada sobre o Tudo, já não existe aquela claustrofóbica sensação das escassas três ou quatro janelinhas, onde a iluminação da Crítica Impressa revelava ao profano o pouco que se fazia, e, logo, podia aspirar a existir. Parece que nos blogues, dizia eu, se fala agora abertamente de tudo e de todos, e não apenas dos amigos, dos que nos assalariaram o texto, ou dos que nos pagaram para sermos gerentes da sua irremediável Insignificância.

Compreende-se a angústia da Clarinha: com a ascensão dos “blogues” e o declínio dos jornais, anuncia-se também o fim do monopólio das palas postas nos olhos dos burros, e daqueles que tinham o exclusivo poder de as pôr.
Clara Ferreira Alves manifesta-se inquieta pelo seu Presente, e teme pelo seu Futuro. Mais acrescento eu que o que está em jogo é, sobretudo, o seu PASSADO e o de todos os que se lhe assemelham, porque a Cabala, que, durante décadas, tão habilmente geriram, se está agora a desmantelar por todos os lados.

Nos “blogues”, nada mais existe do que quem diariamente fale de tudo e todos, sem defender quaisquer sistemas que não os da prevalência do Excelente sobre o Medíocre, do Livre sobre o Encomendado, e, sobretudo, quem o faça GRATUITAMENTE, ou seja, por mero Dever Cívico, por vontade de intervir, por caturrice, ou tão-só pela amistosa gratidão de poder Partilhar.

É verdade que com os “blogues”, poderá estar em jogo o fim da Palavra Comprada, e já estar a vislumbrar-se o início da Era da Palavra Livre e Particular, o Reino da Palavra Gratuita. Talvez seja isso a Comunicação Global. Em breve, também aí se fará a separação do Trigo do Joio, e passará a vencer quem melhor escrever e mais for lido, dispensando-se as tradicionais encomendas das almas.

Penso, publico, sou lido, e logo existo. Tudo o resto é vão.

Ah, e isto não é um texto para resposta, sobretudo qualquer tipo de resposta, como dizia o Vasco Pulido Valente, que metesse “na conversa a sua célebre descrição do pôr-do-sol no Cairo.

Muito obrigado.”

1:31 da tarde  

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