fevereiro 15, 2006

O PARQUE DA CIDADE

Quando passo muito tempo a trabalhar no mesmo sítio, encafuado num certo escuro, ancorado numa cenografia insignificante, iluminado por uma luz que há-de ser sempre artificial, tenho um momento, em que paro, desligo de tudo e imagino o parque da cidade.

Independentemente da cidade em que esteja a trabalhar imagino o parque dessa cidade.

Já estou a ver os patos no lago, as gaivotas e pombas no ar, daqui até lá ao fundo uma erva fininha, mesmo fofa para sentar, de ladeiro uma fiada de arbustos maneirinhos, contemplação pura, aqui e ali uma escultura de pedra solta, a coisa mais linda de se ver.

Entreabro uma janela de imaginação e atolambado observo o céu.

Sinto o cheiro da terra fresca revolvida e os passarinhos cantam de uma maneira que dá para perceber que não têm fome...

No entanto aproximo-me de tal forma daquele casal de velhotes que está sentado há que tempos à beira do lago e ela diz:
- Vamos embora, não vês que estás a ficar constipado!
Ele responde:
- Só saio daqui com a gripe delas!

E não se move.

Bom, e no meio disto tudo não é que dou a deixa mal!
Bolas, saiu-me tudo ao lado!
Concentração, precisa-se!

fevereiro 08, 2006

já sabia que isto me ia acontecer

Esquecer blogues de que gosto muito:
Tasca da cultura, Blogville, Invisibilidade das coisas, Paralelo 36, Viagens em silêncio...

E destaco:
Asas de papel com chã, da agripina.

Fica sempre alguém sentido com enumerações...

É como fazer o raio de uma lista de casamento.
Se fosse a convidar toda a gente com quem de alguma forma me cruzei... ui, era o fim do mundo.

fevereiro 07, 2006

post sentido (actualizado)

Apesar de adorar o Hamlet, normalmente sou mais ou menos bem recebido em elsinore, mais ou menos, expressão que sintetiza tudo aquilo que sentimos, escrevo e penso, estou ao natural, estou nu, sou um nu singular, muito embora toda a gente me olhe de vários ângulos, passo a passo, step by step, quase apanho a abelhinha, descubro o pé e depois a mão, se olhar melhor encontro o polegar, olho-o e vejo que a unha direita está mais deformada que a esquerda, no entanto, peço boleia, passa por mim um run away man de rebordosa, um homem que me deixa as roupas a abanar e que trava bruscamente, quase há um desastre, e, de repente, encontro o ché, ché... ché... che guevara, um puro, um homem autêntico que quis mudar o mundo da forma mais inguénua possível, sozinho.

Não é possível meu irmão, já ninguém faz isso, e durante algum tempo viveu em portugal um presidente duma guiné, igual à felgueiras, ao isaltino, ao valentim, que rouba, rouba , rouba e continua a roubar, mas que não é nino, é nuno, e é pessoa de grande honra, acabo com aquela vontade de fumar um cigarro e o único que tenho à frente é uma nova marca lisboeta é o sílvia sem filtro.

Quis escrever tudo e não consegui.
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