outubro 31, 2005

ACERTAR A HORA e AS MARGENS DE LUCRO

Acaba por não ser nada de especial.

No horário de Inverno durmo mais uma hora, se me deitar "a horas", e no horário de Verão sou roubado numa hora também, mas que no fim das contas, nem chego a notar.

Estas alterações não são significativas para quem viaja muito, como é o meu caso.

Tão depressa estou na China (negócio dos trapos, obviamente), como na semana seguinte tenho que me deslocar à Rússia.

A verdade é que amanhã, melhor dizendo, depois de amanhã, estarei em Frankfurt.

No meu relógio acontece um verdadeiro pandemónio, e, como é evidente, os ponteiros já não têm vida própria. Mas no portátil tenho os horários de todo o mundo.

Às vezes passam-nos pela cabeça aquelas coisas parvas: por que não um hora única para o mundo, uma moeda única. Nivelar? Claro, obviamente.

Na minha empresa todos trabalham as mesmas horas, ganham todos um ordenado igual, obviamente.

Excepto eu, pois claro, é que não abdico das minhas margens de lucro.

outubro 27, 2005

ÀS VEZES... ACONTECE

Ele andava cego.

Hoje foi dia sem Justiça.

Ela gostou.

outubro 23, 2005

Nunca me deixes

Tenho um casal amigo de quem gosto muito e eles gostam muito um do outro.

Convidaram-me para jantar lá em casa, fui, o jantar estava óptimo.

Eram duas da manhã, até ali a conversa tinha sido morna, trivialidades, arte e política, mas apesar disso bem regada por três garrafas de vinho tinto.

Já estávamos no whiskey quando dispara o tema da intimidade e do amor.

Ele e ela começam pouco a pouco a discutir, a elevar voz tentando cada um impor a sua ideia.

Eu estava demasiado torpe agarrado ao copo, desperto por aquela exaltação, mas sem vontade de intervir.

De repente, estavam aos gritos, ela sai da sala, esperei o pior, regressa com um livro na mão e começa-lhe a bater, a bater, a bater com o livro, a bater, ele não reagia, eu dizia-lhe "pára com isso, estás a magoá-lo, não sejas tonta!".

E pimba, com o livro qual moca despejou a fúria no corpo do rapaz que nunca se defendeu nem protegeu, pura e simplesmente deixou-se aleijar.

Ela saiu dali desaustinada e fechou-se no quarto.

Ele olhou para mim e disse "desculpa!".


Levantei-me para ir embora e dirigi-me ao sofá para pegar no meu casaco, e lá estava ele, o livro.


A capa alaranjada, o autor Kazuo Ishiguro, o título Nunca me deixes.

outubro 21, 2005

POEMA APOLÍTICO

Ó Cavaco, lindo Cavaco, estás aqui, estás no lume.
Da crise em que nos deixaste ainda lhe sinto o perfume.

(em vez de perfume leia-se pivete)

Ai Mário, super Mário, gostas tanto, adoras o poder.
Se imagem boa podias deixar (?) acabaste de a perder.

(o super Mário foi um excelente jogo de computador, foi)

E tu Alegre? Não há espaço para um presidente-poeta.
Será mais a tristeza a tua sina e o poema soneto a meta.

(estes poetas endinheirados de Águeda (sic), um grande abraço para ti Sebastião Alba)

Jerónimo, tu não és frade apesar do teu partido ser religião.
Nem tu nem nenhum dos candidatos conseguirá ter o país na mão.

("mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", os políticos também mudam, veja-se o caso do líder da bancada parlamentar do CDS, esse imbecil, da linha do melhor que o CDS tem, chamado (sic) Nuno Melo, tão bronco como o homónimo actor)

Restas tu, caro Louçã, que, como sabes, ser do bloco agora é moda.
És partido de cidade, para mim como presidente, não percebes nada da poda.

(leia-se... bom, eu se fosse teu aluno até gostava de te ouvir falar, porque tinha de fazer a cadeira)

outubro 19, 2005

GRIPE UNABOMBER

A propósito da Gripe das aves lembrei do Unabomber.


A pandemia pode só acontecer em 2010.

Unabomber foi procurado durante 18 anos.




"As conseqências da revolução industrial foram desastrosas para a raça humana. Aumentaram bastante a esperança de vida dos habitantes dos países "avançados", mas desestabilizaram a sociedade, tornaram a vida insignificante, submeteram os seres humanos a vexames, levaram ao sofrimento psicológico generalizado (e o Terceiro Mundo também ao sofrimento físico), infligindo igualmente danos irreparáveis à propria natureza. O constante desenvolvimento da tecnologia irá piorar a situação."

Manifesto do Unabomber, O futuro da Sociedade Industrial

outubro 14, 2005

SOBREVIVÊNCIA II

Com vontade, liderança e ao mesmo tempo carregador de piano estou mais do que capaz de matar o sobre.

SOBREVIVÊNCIA I

Com visão, bolachas e um quarto de água estou bem capaz de atravessar o deserto.

SOBREVIVÊNCIA

Com fio, tesoura, cartolina e fita cola estou bem capaz de fazer umas asas.

outubro 10, 2005

O POVO

que eu sou

Quando me dá jeito:
O povo é sábio, o povo não se deixa enganar!

Quando não me dá assim tanto jeito:
O povo não pensa, o povo é burro*!



* o burro é um animal em vias de extinção.

INDIGNAÇÃO

Às vezes anjo, outras vezes diabo, mas...

MUITA, MAS MUITA GENTE (melhor seria dizer, gentinha ou gentalha) QUE DIARIAMENTE (e os tempos estão para aí virados) BATE, E BATE, E BATE NESSE LOMBO SEM COSTAS QUE É O NOSSO ESTADO, QUE É O PAÍS E QUE, NÃO FOI VOTAR!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

Gente esclarecida, não brinquemos!


Desculpem lá, mas... nem sei o que dizer!
Puf.... !


Atenção, que também tenho culpa no cartório, pois desde que faltei ao referendo sobre o aborto, disse para mim mesmo: NUNCA MAIS, eu tenho de ser dono do destino do meu país!

outubro 09, 2005

JÁ VOTEI

O voto é secreto!

É um bom momento, é vontade de continuidade ou de mudança, de alternância, de... digamos, de MELHORÂNCIA.

Tive o cuidado de "caprichar" nas três cruzinhas que fiz.

A primeira mais convicta, portanto, mais carregada, a segunda desenhei-a naquela, nem quente nem frio, vai-se andando, a última foi o que poderiamos chamar: cruz no escuro ou voto no escuro.

Além disso, preocupei-me em vincar bem os três boletins.

Cheguei cá fora da Junta de Freguesia, votei mais uma vez, desta feita para as sondagens.

"Aqui só interessa para a Câmara Municipal", disse-me a bela moçoila, gentil, simpática com uns lábios carnudos, e só hoje é que compreendi a expressão: "Sondagem à BOCA das urnas!"

O voto? É segredo!

outubro 07, 2005

OUTRA VEZ AS REFORMAS, A REFORMA, O DÉFICE

Ouço pessoas novas... jovens, JOVENS e velhos a falar da reforma, não posso, não é possível, bolas!

É preciso trabalhar, temos de gostar daquilo que fazemos ( e mesmo que não gostemos, azar) temos de trabalhar e não pensar na vida EGOÍSTA que gostavamos de ter!

Foda-se!
(Desculpem-me os que acham que sou um pessoa educada!)

É que às vezes... não dá!

(como diria a personagem Arkadina, a actriz de A Gaivota de A. Tchekov)
SATURA-ME TUDO ISTO!

EM CAMPANHA (p.f. não ler, campanhã)

Uma pessoa educada é assim que começa:

Desculpem queridos leitores, mas gasto todo meu tempo em campanha.

Tenho percorrido o país de lés a lés.

A Norte candidatei-me a uma Junta de Freguesia.

No Centro, tenho eleição garantida a uma Assembleia Municipal.

A Sul, não vão acreditar, posso ser eleito Presidente de Câmara.

Já não sei o que fazer à minha vida!

Não tenho vida familiar!

Os meus dias começam bem cedo:

A Norte, visito uma fábrica de sucesso, depois almoço com empreiteiros.

Chego ao Centro por volta das três e ainda visito um mercado quase a fechar, calcorreio as ruas da baixa.

A Sul tenho um lanche com crianças de um bairro problemático e à noite perco a voz, ao imitar o ditador da Madeira, batendo sempre na mesma tecla.

Conclusão: agora estou afónico e, portanto, não estou capaz de vos dizer o meu partido.

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