setembro 28, 2005

QUEM É O CULPADO?

Num sketch dos Monthy Python que vi, já lá vão uns anos, dois polícias prendiam um homem no meio de uma praça cheia de gente (já não me lembro de que crime se tratava).

O homem (Michael Palin ou o John Cleese, não me lembro bem), num laivo de genialidade, grita:

- A CULPA NÃO É MINHA, A CULPA É DA SOCIEDADE!

Acto contínuo, os polícias largam o nosso homem e começam a prender toda a gente que está na praça.



Pois muito bem, eu que tenho os meus impostos em dia, que todos os meses pago as minhas contribuições para a segurança social, apesar de ter profissão intermitente, e que não devo nada a ninguém grito:

- A CULPA NÃO É MINHA, A CULPA É DO ESTADO!

E, em rigor, era preciso prender tanta, tanta, tanta, tanta, tanta gente.

setembro 26, 2005

COISA ESTRANHA

Foi estranho encontrar num café da baixa, cheio e agitado, um pequeno painel com os seguintes dizeres:

RESPEITE O SILÊNCIO DOS OUTROS

setembro 21, 2005

PUB PUB PUB PU P

Mal abri a caixa do correio disse para comigo:

Tenho de fazer um post.

É assim que eles querem, nós damos o que eles querem.

1º Prospecto

BUÇACO E LUSO 1 DIA um mundo de sensações CONCORRA A UMA VIAGEM AO BRASIL

(um mundo de sensações num dia, acho que não chega, além disso que posso dar volta ao mundo sem sair de casa, olhem acabei de dar uma)

2º Folheto

Compre agora! PAGUE EM 2006 CarPlus Auto Megastore

(não quero, não pago, não quero carro, daqui ninguém me tira, adoro andar a pé)

3º Caderno (deixaram-me 5 exemplares)

ANIVERSÁRIO CONFORAMA Compre e Volte a Comprar COMPRE 50 EUROS GANHE 50 EUROS – 20% na feira dos tapetes

(mas estão a brincar comigo! só podem! se gosto o dinheiro é para ficar a ganhar, sou burro não há outra palavra)

4º Folheto

Sofás CHATEAU D´AX Itália Até 30 de Setembro – 30% Pressionamos o preço PRESSING PRICE

(UAH! O pressing! Toda a gente fala disso aguentar a pressão! Hã! Se não fosse o meu ódio de estimação à Isabel Figueiras (que é rosto da marca) era bem capaz de sentir a pressão!)

5º Panfleto

BRAGANÇA cidade Aristocrática Receba um presente TOTALMENTE GRÁTIS …e ainda, uma visita surpresa muito agradável…

(fico-me pela surpresa muito agradável, desde que seja uma Brigantina, uma espécie de Isabel Figueiras a saltar num sofá… “salta , salta, meu peixinho salta, que bom saltar”)

6º Folheto

GANHE 2.000 EUROS no via Catarina O Viacatarina aconselha à reciclagem deste folheto quando o mesmo deixar de ser necessário.

(este e todos os outros, estou cheiinho de pub, mas se fosse me Inglaterra bebia mais uma, por outro lado, com Ana Sousa Dias, cá está uma boa ideia a reciclagem)

7º Caderno

VINHOS E QUEIJOS Continente

(estou capaz de partir uma garrafa de bom vinho na cabeça de alguém OU, estou capaz de pedir uma garrafa de bom vinho e beber com alguém OU, estou capaz de pedir uma garrafa de bom vinho e bebê-la sozinho para depois contá-la)

8º Caderno

COLECÇÃO OUTONO Tex Carrefour BOAS COMPRAS Sempre

(bem, na folha de rosto, a miúda com a camisola de gola alta verde, a 9,90 euros, olha-me com uma intensidade que estou bem capaz de dizer:

tomem lá todos os meus cartões, EU COMPRO, EU COMPRO TUDO!)

setembro 20, 2005

TRABALHO

Vamos lá ao trabalhinho.

Não há coisa mais linda que o trabalhinho.

setembro 16, 2005

SOMBRA & COMPLEXOS em pensamentos tardios

Noite, três da manhã, uma rua comprida e silenciosa.

Observo a minha sombra à minha frente e gosto do que vejo.


Noite, três e um quarto, a mesma rua, agora curta e silenciosa.

Paro à frente de uma loja, antes dos semáforos e, vejo-me no espelho de corpo inteiro, não gosto.


Conclusão: agradam-me mais os contornos da sombra que a imagem no espelho.
Tenho mais simpatia pela silhueta do que pela cara chapada.

setembro 13, 2005

O ÚLTIMO DOS BALADEIROS

LONGE DAQUI

Pedro Barroso

Nascemos no alto mar

No meio da tempestade

Ali a meio caminho

´tre o cabo das tromentas

E o céu do paraíso

A alma mareante

O fogo de san telmo

O luto o desespero

Pel´ alegria breve

De navegar um instante

Um século uma história

Enquanto fabricámos

No ventre do porão

Paixão

Depois cuidadamente

Encheram-te a cabeça

De histórias de aventuras

De batalhas de ourique

Reis mouros esmagados

De heroísmos vários

De feitos de bravura

De mundos viajados

Poemas inflamados

Agrei prestes joão

O mapa cor de rosa

A virgem aparecida

El rei d. sebastião

Um império mundial

Caramba!

Às vezes perguntámos

Parando por momentos

Num vendaval de santos

Conquistas embaixadas

Com conchas de ouro ao papa

Marfins e arrecadas

A gente sempre a olhar

A olhar

Sentíamos

Mar nas veias

E febres de partir

Encantos de medeias

Tentações de fugir

Mas ficávamos amarrados

Ao convento de mafra

Chorando o desencanto

De ficar

Que o forte forte vento

Não nos deixava enfim

Nem estradas de sair

Nem estradas de chegar

Nem traços de partir

Nem posses de alcançar

Por dentro do futuro

Adiante

E tinhas por razão que o certo mesmo

Podia ser aquilo, podia ser o vento

Podia ser a história, que há tantas tantas formas

De a gente dar memória

E às vezes o silêncio te dizem que é dourado

Mas um homem fica parvo

Com a força do futuro contida no passado

E devotadamente, aljubarrotamente

Crê

E conformado crendo

Que as nossas aventuras

Só foram pela canela pimenta e especiarias

E só fomos heróis em terras e lonjuras

Por querermos espalhar a fé e as teorias

Que nunca violámos

Que nunca escravizámos

Nem traço de chicote nem outras judiarias

Nem alma de ladrão morrida nas galés

E ao mar!

De 30 em 30 anos

Às vezes mais 50!

Até acreditámos rumamos à tormenta

Batemo-nos a vamos

pra liça do futuro

com a nossa força grande

antiga

Mas contados plos dedos

Assuntos bem saldados

Ficaram intenções

Castelos abandonados crianças sem saber

O sol prós reformados

Remessas de emigrante

E o mar

Que eles voltam sempre

Cinzentos sorridentes

Cheirosos influentes

De todos os quadrantes

E por todas as frentes

Com rapidez te amansam

Com polimento avançam

E zás...

Nas grutas de uma vida

Um homem muda tanto

E de criança a velho

E de truão a santo

O salto é tão pequeno

O trilho tão estreito

Tantos pavores na fronte

Tantos calores no peito

Tanto ouro na corrida

E a força da razão e a força da subida

Mãos quentes de bater

Mãos magras de sangrarem

E quanto mais procuras ou mais te procurem

- caíste!...

tentas saber como é

e tentas aprender

aprendes a sorrir aprendes a esconder

aprendes a vender aprendes a comprar

aprendes té amar

assim assim, se tanto, desconfiadamente

a engolir o pranto

a não te olhares de frente

enquanto sonhas longe

ai tão longe daqui e tão

diferente

E embarcas pelo deserto

Resolves-te a partir

Juntando três amigos sem jeito ao despedir

Duas frases erradas

- não era nada disto

que eu vos queria dizer

e vais

E é natural que sintas

Vontade de o fazer

Vontade de viver

Aquilo que não te dão

Para isso tenta a china

O laos o alaska a índia

A tailândia o japão

O barhein!

E rumas na paisagem dominado pela cor

Três trapos pra viagem

Um cesto um cobertor

Impostos declarados

A alma decretada

Passaporte conforme

E um pão

E gritas ao silêncio

E vai saber-te bem

Gritar sob os comboios nas pontes quando passam

Ficaram tantos tipos

Olhando pela janela a sua própria vida

Tu não

Lá longe no deserto

Relembras o teu silêncio

Tão longe na distância

No peito ali tão perto

E vem-te à boca o travo

Dessa questão eterna

Do ir ou do voltar

E tu...

setembro 09, 2005

OS MUSEUS NÃO SÃO MONOS

Hoje, depois da visita que fiz ao Museu Alberto Sampaio em Guimarães, compreendi que nos encontramos numa situação muito parecida com a crise política que se viveu em 1383, com a morte de D. Fernando.

Vislumbra-se um Mestre de Aviz com mais de oitenta anos.

Hoje, depois da visita que fiz ao Museu, compreendi a importância de se conhecer profundamente as nossas raízes para despertar a mudança.

D. João I morreu com 76 anos de idade e 48 de reinado, um rei que deixou boa memória...

setembro 06, 2005

Aos apaixonados

Temos a relação ideal: quase não te vejo!

setembro 03, 2005

O que é que faço?

Se estou a ler o jornal e a tomar café, no café, e a um metro está um tipo que funga de cinco em cinco segundos, o que é que faço?

Se estou a comer uma sandes e uma sopa ao balcão, e um tipo está a meio metro a cheirar a suor que tresanda, o que é que faço?

Se estou no autocarro e há vários lugares vazios, e um tipo vem sentar-se justamente a teu lado, o que é que faço?





Para mim é óbvio: saio, mudo, vou-me embora!
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciado sob uma Licença Creative Commons.