abril 29, 2005

comentar os comentários

Compro e leio o jornal todos os dias,
ouço a rádio,
vejo televisão,
trabalho lado a lado com a nata,
a elite da cultura em Portugal, portanto...

Não tenho paciência para blogues de referência.

Atenção, não tenho nada contra os blogues de referência,
mas nunca tive muita paciência para ficar refém de referências,
refém daquilo que se convencionou ser o pensamento, lúcido e claro e visionário,
melhor ainda, refém do pensamento contemporâneo,
daquele que é a "candeia".

Gosto de seguir o meu caminho.
É como o meu B.I.
É só meu.
(No dias que correm espero bem que sim!)


Gosto de todos aqueles que linkei (e linkei porque quis, excepto um)...
porque cada um, à sua maneira, me deu algo.

E é exactamente por isso que gosto deste país:
a BLOGOBOLA.
a BERLINDOSFERA.
a BLOGOSFERATUM.


Resolvi não comentar os comentários por acreditar que um comentário pode ser:
uma sintonia,
um desabafo,
uma crítica,
um desafio,
um gozo,
um ódio de estimação,
uma sedução,
um desprezo,
um amor autêntico,
um beijo,
etc., etc., etc.,
etc., etc.,
etc...

Conclusão:
adoro visitas.

abril 28, 2005

DIA A DIA

Mais um dia

>a angústia da indefinição profissional.

Um pequeno prazer

>uma ideia que num primeiro momento parece brilhante.

abril 27, 2005

Espelho meu, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

Não há ninguém que goste de ter a casa de banho suja.
Todos nós gostamos de ter a casa de banho limpa.

O lavatório cintilante.
A banheira a brilhar.
O bidé estrelante.
O armário, se o houver, sem pinga de humidade.

Todos nós gostamos de ter a casa de banho mais ou menos limpa.
Não há ninguém que goste de ter a casa de banho perfeitamente suja.

A pasta de dentes a correr para a escova.
A frescura do gel de banho a inundar as partes.
O atrevido cheirinho do sabonete Dystron.
O armário, armado ao pingarelho, com Evax, Oral B e Vichy for Men.

Não gosto de ter a casa de banho limpa.
Todos nós gostamos de ter a casa de banho bem suja.

O cuspo não vai.
O ralo não aguenta cabelo.
Acabou o sabonete como é que lavo a... aquilo?
O armário... que se foda, não é preciso nenhum armário na casa de banho.



Eu tenho a impressão que há pessoas nunca abriram o sifão das suas vidas.
Muito menos levantaram o da casa de banho.
Ui... é um pivete!

abril 25, 2005

25 de ABRIL - Mulher Cravo

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25 de ABRIL

O momento em que uma mulher oferece o primeiro cravo a um soldado e este o coloca no cano da espingarda, convém não esquecer que este gesto ficará para a história como um símbolo da revolução.

abril 22, 2005

TENHO DE O ALIMENTAR

A minha Avó, que já morreu, tinha coelhos e galinhas. E a uma determinada hora da manhã e a uma determinada hora da tarde era preciso dar de comer aos animais.

O meu tio Zé, que esteve no Ultramar, tinha um cão chamado Bobi que adorava. E a uma determinada hora do dia levava-o a dar uma corrida e depois dava-lhe de comer.

A minha irmã Tina, que estudava à noite, tinha um bonsai. E a uma determinada hora da manhã retirava-o da janela por causa do sol, e a uma determinada hora da noite, quando regressava das aulas, voltava a pô-lo ao luar.

O meu primo Nel, que quis ser cosmonauta, tinha um tamagoshi. E a indeterminadas horas do dia o misterioso ser acordava, comia, defecava, dormia.

Eu, Knuque, Knu prós amigos, que nasci para viver em livro, tenho um blogue. E a uma determinada hora, nas vinte e quatro de que disponho, trago um pouco de alimento à blogosfera.

abril 21, 2005

MUDEMOS DE ASSUNTO

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abril 20, 2005

LIVROS

Resposta à Ange e à Polegar:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
O Mal de Montano, Enrique Vila-Matas

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Harry Haller, o Lobo Das Estepes de Herman Hesse.

Qual foi o último livro que compraste?
Basquetebol (uma visão integrada entre ciência e prática), Dante De Rose Junior e Valmor Tricoli

Qual o último livro que leste?
O Preceito Vencido, Marivaux

Que livros estás a ler?
As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift
Bartleby & Companhia, Enrique Vila-Matas
Sétimo Céu/Uma Boca Cheia de Passáros/Distante, Caryl Chirchill

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
A Poesia Toda, Herberto Helder
Ode Marítima, Álvaro de Campos
Hamlet, William Shakespeare
Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Marquez
O Mal de Montano, Enrique Vila-Matas

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Ao Paralelo 36, à Invisibilidade,
a O vício da arte . Porque gosto deles.

abril 19, 2005

PAPAPAPAMEAPIÇAPAPA

Que idade tenho?

78 anos, Sua Santidade!


Como me chamam?

O benzido, Bento XVI, Sua Santidade!

Quem manda aqui?

Sua Santidade, sempre mandou.
O outro, que Deus o tenha, apenas se preocupava com as viagens!


Pois eu, a partir de hoje, daqui não saio, daqui não abdico!
A Alemanha sertir-se-á feliz por mim.
Sou o dono do Vaticano.

TEMOS PAPA, Meu Deus

Com todo o respeito pelas restantes Eminências, eu, que estive no Conclave, já escolhi:

Kiril Lapoka - é o meu Papa.

(nasceu mexicano, de seu nome António Quiñones, mais tarde e depois de muitas tentativas tornou-se americano, com o nome de Anthony Quinn)

És grande, Zorba!

ou ainda

Ó Zorba, és o maior!

abril 15, 2005

A LOUCURA MANDA NO MUNDO!

Não se trata de Anarquia


Fui eu que inaugurei a casa da música.

Porquê? Comprei bilhete!

Fui eu que pus josé socrates no poder.

Porquê? Votei nele.

Sou eu que valorizo o poder da comunicação social.

Porquê? Compro os diários e semanários. Vejo televisão.

Eu que sei que o futuro papa não vai ser português.

Porquê? Ter setenta anos não interessa à organização da igreja, nem a ninguém.

Sou eu que adivinho que a américa vive deprimida, em parte devido ao presidente que tem.

Porquê? Vive uma crise de confiança. Precisa de ser respeitada e amada.
(E verdade seja dita, quero que a américa se foda!)

Morrerei e o meu país continuará na cauda da europa.

Morrerei resignado, porque tudo o que fiz não valeu a pena.
Não valeu de nada.

abril 13, 2005

O JANTAR

ANTES DE JANTAR

Toalha castanha.
Copos de cristal.
Pratos Luminarc.
Meia dúzia de velas.


ENTRADAS:

Manga com presunto.
Empadas de frango.
Salada - alface, tomate, cebola e beterraba.


[Moscatel de Setubal.]

PRATO ÚNICO:

Polvo assado com batatinhas e castanhas.

[D.Hermano (2001
)]

SOBREMESA:

Gelado de morango com chocolate.

[Aguardente Velha ou
Madeira]


DURANTE E DEPOIS DE JANTAR

Conversa comovente, algumas lágrimas, conversa sobre o I.R.S.,
fim.





Pratos, talheres, chávenas, tabuleiros...
tudo já depressa prá máquina de lavar!!!

CONVIDEI OS MEUS AMIGOS PARA JANTAR

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abril 11, 2005

PEQUENAS COISAS

(que mudam uma vida)

lavar a loiça.

fazer a cama.

estender a roupa.

fechar a porta.

desligar a televisão.

tomar banho.


(que mudam duas vidas)


desligar a loiça.

tomar a cama.

fechar a roupa.

estender a porta.

lavar a televisão.

fazer banho.

abril 09, 2005

SEM VONTADE NENHUMA

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ARREBATADOR

"Há cinco anos que vivo de ti, que és o único ar que posso respirar, que levo o tempo à tua espera, a julgar-te morto quando te demoras, a morrer porque te julgo morto, a reviver quando entras e te vejo, a morrer com medo de partires. Neste momento, respiro porque tu me falas. O meu sonho, afinal, não é assim tão falso; se desligares agora, morrerei afogada naquele mar que parecia o teu apartamento"



A Voz Humana, Jean Cocteau

abril 08, 2005

SINTO-ME UM CYRANO DE BERGERAC

O quanto me apetecia dar a estocada certeira.


"O chapéu tiro com graça
E assim está dado o tom,
A capa atiro para a praça,
Seguro a espada, meu dom,
Linda como Céladon.
Saúdo-vos quando me viro
Avisando-vos Myrmidon,
Que no fim da dedicatória, firo.

Não vos mantivestes neutro,
Perú, que ao espeto ireis parar,
Pelo flanco ou peito adentro
Eu vos irei trespassar?
Taque! Espadas a chocar.
Repito pois, não retiro,
Eu vos estou a avisar
Que no fim da dedicatória, firo.

Falta-me ainda uma rima.
Estais mais branco do que a cal!
O medo que vos anima
Laridon, só vos faz mal!
Esquivo-me assim, - que tal?
Ao vosso espeto me atiro,
Cuidai, pode ser letal
Que no fim da dedicatória, firo.

Príncipe, pede a Deus o teu perdão,
Uma cutilada, escaramuço e...miro,
Finto, afasto e é então
Que no fim da dedicatória, firo"


(Não recordo o nome do tradutor,
mas apesar de tudo não era uma tradução má .)

abril 06, 2005

A PATA DA POMBA AZUL AÇO

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abril 05, 2005

UMA POMBA MORREU À PORTA DA SEGURANÇA SOCIAL

Hoje vi uma pomba morta à porta da segurança social.

Era uma pomba perfeitamente normal, com penas cinza escuro, asas e bico.

O frágil corpo fazia uma diagonal à ombreira da porta, de maneira que, tive alguma dificuldade em decifrar se ela ia a sair ou a entrar.


Será que estava inscrita na segurança social?

Será que tinha um trabalho dependente ou independente?

Será que esta pomba tinha consciência social?

Ou será que nunca descontou?

Será que morreu antes de pagar o "mínimo obrigatório"?

Ou será que tem o "regime alargado" com direito a subsídio de desemprego, doença e funeral?



Hoje vi morta, à porta da segurança social a pomba da paz.

abril 04, 2005

UM PROBLEMA DE IDENTIDADE

"Você não é de cá, pois não?"


"Bom, sim e não, quer dizer, já fui, já deixei de ser, e olhe agora francamente já nem sei de que terra sou."





Sábias palavras de um amigo.

abril 02, 2005

CONTOS MINÚSCULOS 3

“Aquela voz... Aquela voz...!?”

Um dos maiores barítonos do mundo, de seu nome Rui Baetá, só canta se tiver debaixo dos pés areia de uma praia portuguesa. Em miúdo sempre que andava por casa, descalço, brincava aos legos, traquinava, comia bananas, não se interessava por cantar, mas logo que se ouvia uma voz doce e suave sabia-se que o Rui estava na praia junto ao mar. Após ganhar sucesso e notoriedade o seu staff na véspera do concerto recolhia areia numa praia perto do local do evento. Uma vez teve um problema gravíssimo na Ilha da Madeira e o espectáculo esteve mesmo para não se realizar. O produtor queria que se fizesse o concerto, com ou sem areia, estava-se a marimbar. E o Rui achava que aquela areia vulcânica servia na perfeição. Mas alguém do governo regional achava que aquela areia iria de certeza desvirtuar as capacidades vocais do cantor. Até que se conseguiu um acordo memorável. Vieram quinhentos quilos de areia do continente aos quais se misturou cem da ilha. A areia ficou com uma cor muito gira. O Rui acabou por fazer dois ou três castelos. O concerto é que acabou por não ser grande coisa.
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