BERGMAN + BERGMAN

Ontem foi um domingo denso, pesado mesmo.


28 de Agosto é uma data importante para Marianne e Johan, personagens de CENAS DA VIDA CONJUGAL de Ingmar Bergman.
163 minutos de força interpretativa bruta dos actores suecos Liv Ullmann e Erland Josephson.

28 de Agosto será uma data importante para mim, uma vez que não satisfeito pela dose que me foi servida, decidi ver SARABAND, também de Ingmar Bergman.

Reencontro dos personagens Marianne e Johan trinta anos depois, minto, trinta e dois anos depois.

É engraçado, porque foram os actores e Bergman que se perguntaram: o que terá acontecido a Marianne e Johan? E Bergman decidiu fazer o filme a partir daquelas memórias de há trinta anos.

Numa entrevista, Erland Josephson diz que Bergman, agora com 86 anos, acredita numa vida depois desta.

Ora cá está uma boa ideia para sequela.

Que tipo de filme seria?
Que memórias restariam?
Que tipo de solidão e de pudor haverá?
A existência Bergmaniana estará ameaçada?

Ontem, 28 de Agosto, foi um domingo denso, pesado mesmo.

OS MOCHILINHAS

Os mochilinhas são pessoas que levam às costas as mochilas ou as mochilinhas.



Os mochilinhas não são uma raça.

Os mochilinhas têm um credo.

Os mochilinhas são indivíduos que decidiram de livre e espontânea vontade carregar nas próprias costas coisicas suas, o seu mundinho, a sua casita.

Carregam livros e fruta, computadores e fatos de treino, mapas e walkmans, sandes e projectos, etc.

Os mochilinhas viajam de autocarro, comboio, metro, mas sobretudo andam a pé.

Os mochilinhas fazem pequenos percursos, do género casa-trabalho, trabalho-casa.

Os mochilinhas nunca colocariam uma bomba na sua mochila e muito menos a abandonariam.


E porquê?
Porque gostam afectuosamente dela.


Os mochilinhas sonham dar a volta ao mundo com aquela mochila.


As únicas palavras que alguém conseguiu capturar aos Mochilinhas são as mesmas que ouvimos ao Senhor Sommer:

"De uma vez por todas, deixem-me em paz.
Deixem-me em paz, de uma vez por todas...!"

UMA BOA GARGALHADA

Uma das boas gargalhadas que dei nas férias (e não dei muitas) aconteceu quando vi um automóvel, completamente sujo, coberto de pó da terra, onde alguém teve o génio de escrever no vidro de trás:

TAMBÉM TEMOS DISPONÍVEL EM BRANCO

LIVROS (com ou sem férias)

Os livros que levei para ler:

Moby Dick, de Herman Melville
O Crocodilo, de Fiodor Dostioevski
O Náufrago, de Thomas Bernhard
Bartleby & Companhia, de Enrique Vila-Matas
e
O Tempo e o Sexo, de José Pacheco



Os que li:

Bartleby & Companhia, de Enrique Vila-Matas
Absolutamente genial, a elaboração do livro é do melhor que tenho lido.

O Náufrago, de Thomas Bernhard
Absolutamente fantástico, devia ser um livro obrigatório para "artistas".

Moby Dick, de Herman Melville
Estou a meio e, uma coisa garanto, leio-o avidamente, mas não é literatura infantil.
Aliás, eu disse que não era literatura infantil, mas "preferia não o dizer."

NAQUELA PRAIA

É quase lógico que aquela praia seja a mais bonita do mundo.


Vais de carro, estacionas ainda longe, carregas as toalhas, as raquetes, o chápeu de sol.

Sobes o promontório, desces a longa escadaria de madeira, pisas a areia a escaldar.

Abres o chapéu, estendes a toalha, tiras a roupa, nada de preconceitos.

Avanças prá água, molhas os pés.


(É nesta altura que me lembro sempre de A história do Senhor Sommer, do Patrick Suskind. Entrava água dentro e não voltava.)


Podia fazê-lo em todo o lado menos naquela praia. Não era lógico.

IGUARIAS em FRASES SOLTAS ou IGUARIAS SALTEADAS

E para entrada?

Além de azeitonas e do pão alentejano.

"Amêijoas? Amêijoas! E para ti? Amêijoas. Pode ser Amêijoas!?
O que foi que comi ontem? Amêijoas! Amêijoas... Amêijoas?
Pronto, estás resolvido, é amêijoas para todos."

AMEIJOEMO-NOS.

E de entrada é tudo?

"Eh pá, eu quero perceves. Há percebes? PerceVes! Então, não é perceBes? Como é que se diz? Está correcto, diz-se das duas maneiras.
Bons amigos, fazemos assim: vem um quilo deles, quinhentas gramas prá malta de Lisboa e quinhentas pró pessoal do Porto, pode ser? Vamos nisso!!!"

PERCÊBAMO-NOS.

Pra beber?

"Finos pra todos! Imperiais pra todos!!!
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!"






PORTUGUESES.

VOLTEI

E agora?





Não, o problema não é esse.
Tenho muito, mas muito para dizer.





O problema é por onde começar.
Talvez guarde tudo só para mim.